terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Não Há Separação

Há uns tempos atrás, numa canalização que estava a fazer para a minha mãe, Sananda (também conhecido numa das suas encarnações passadas como Mestre Jesus), transmitiu uma mensagem que achei extraordinária. Na altura, e algumas horas após a canalização, reflecti sobre a mesma e percebi, intelectualmente, o que fora transmitido, pois logo a minha Mente argumentou e levantou-me algumas dúvidas que não consegui esclarecer.
Hoje e após vários acontecimentos, chego a uma compreensão mais profunda.

A mensagem era a seguinte: Não interessa a importância que achas que o teu trabalho tem para o Mundo, se tu não estás feliz, se não sentes Alegria, então não é Amor que estás a semear!

Dada a história de Jesus, que a maioria de nós conhece, achei esta mensagem curiosa, porque tinha muita dificuldade em imaginar um homem passar por tudo o que Jesus passou e, ainda assim, manter-se feliz e alegre. Conseguia olhar para a sua história e reconhecer as razões que o levaram a aceitar aquele destino e o altruísmo por detrás, mas olhá-la como algo mais que o sacrifício da sua vida por todos nós, pelo Amor que pregava, não era sequer uma questão.
Aliás, a crucificação, morte e ressurreição são o mais falado de toda a vida de um homem que morreu apenas aos 33 anos, (segundo a teoria mais aceite). Basta dizer que o símbolo escolhido pela Igreja foi a cruz.

Assim, pus-me a reflectir sobre o que é a Felicidade e a Alegria…sobre o que é o verdadeiro altruísmo e dedicação…onde começa o Eu e acaba o Outro. Não pretendo ir contra nem a favor das conclusões chegadas por religiões organizadas e cada um entra nos círculos ou linhas de pensamento moral que entender. Pessoalmente, acredito que todos nós temos o direito de reflexão sobre tudo a que temos acesso, mesmo quando um assunto parece já ter sido dissecado ou ser passível de ferir susceptibilidades.
Assim, ao reflectir sobre estas questões, também através das minhas próprias experiências, apercebi-me como é fácil começarmos algo com entusiasmo e alegria, acreditando que os outros vão também usufruir desse trabalho e, à medida que o tempo vai passando, esse trabalho importante nos engole e esquecemo-nos de nós. O fogo e a dedicação iniciais transformam-se em vapor e obrigação. E, de facto, confundimos o que significa “Somos Todos Um”, uma verdade transmitida insistentemente por Seres de Luz, como os Arcanjos e Mestres Ascensos, uma verdade que ainda nos confunde e que é potenciada por outra verdade: “Não há Separação”.

Se o outro precisa do que eu tenho para dar, então isso não é suficiente para me sentir realizado e feliz? Será, se eu der a mim próprio primeiro. Não há separação quando eu escolho dar a mim próprio, pois estarei a dar ao outro e assim vivo preenchido, tal como não há separação quando escolho dar ao outro e não a mim e acabo esgotado. O verdadeiro acto de altruísmo e o dito sacrifício pessoal em prol dos outros que tanto nos apaixona e nos causa admiração é uma tomada de consciência profunda de que não há separação. Tudo o que eu faço, estou a fazer a mim e ao mundo.

Para mim, Jesus sacrificou-se por todos…por mim, por ti e por ele próprio, porque quando tomamos consciência do que significa "Somos Todos Um", a separação ilusória quebra-se e todos os nossos actos e decisões tomam consequências colectivas, causa e efeito são a mesma coisa, o Eu e o Tu são o mesmo corpo e a salvação adquire um valor absoluto…até em relação aos nossos aparentes inimigos.

Conhecemos tão pouco sobre a vida pessoal de Jesus, os seus amores e desamores, as suas lutas humanas, as suas dúvidas…e o que sabemos foi adulterado, vezes sem conta, para satisfazer propósitos de homens sem escrúpulos. Endeusamos o menino, o rapaz e o homem que caminhou nesta Terra e que insistiu tanto na mensagem que Somos Todos Iguais…iguais a ele também…e utilizo a minúscula aqui, deliberadamente, pois quando me refiro a ele, refiro-me ao humano extraordinário que cumpriu, até ao fim, a sua missão de vida mantendo o seu compromisso com o Amor e a Luz até às últimas consequências e que nos relembra, como humanos que somos, que também nós podemos aceder à nossa centelha divina e cumprir a nossa missão aqui, por mais impossível que nos pareça.

Amor é Alegria e viver nesse estado traz-nos Felicidade e, nesse estado, podemos espalhar essa energia poderosa por todos os que se cruzarem no nosso caminho… e o contrário é também válido, pois não há separação! Assim, não interessa a importância que pensas ter o trabalho que estás a fazer se este não estiver a ser feito com Amor, com Alegria. É como plantar sementes doentes e acalentar a esperança que a nossa dedicação e atenção serão suficientes para promover o crescimento de frutos maravilhosos. É, finalmente, entender que trabalhar limpando as ruas sujas da cidade com um sorriso nos lábios e um brilho nos olhos é semear mais Amor que fazer trabalho humanitário sentindo-nos infelizes e miseráveis. É ilusório sentir que sacrificar a nossa Alegria em prol de um ideal é o que o mundo precisa. Se só podemos dar ao mundo o que temos cá dentro, como podemos esperar semear Esperança, Saúde, Riso e Paz se só as conhecemos como conceitos? Que intenções colocamos nas nossas acções? Queremos dar apoio e amor ao outro, porque sentimos que é isso que ele precisa, mas não queremos fazer o mesmo por nós, ou pior, não conseguimos fazê-lo?

Quando nos esquecemos de nós, não estamos a ser altruístas, estamos a criar separação. Se é egoísmo viver apenas no Eu, viver apenas no Outro não é melhor nem mais elevado, é apenas o outro extremo da mesma coisa. Queremos mesmo acreditar que Jesus, vivendo apenas 33 anos e que, apesar de todos os desvirtuamentos que a sua mensagem sofreu, a essência desta ainda vive até hoje, sem que ele tenha atravessado medos, dúvidas e angústias humanas ultrapassando-as ao viver em Amor? Ou queremos acreditar que ele apenas pregava esse Amor e se resignou com o seu destino? Que todos aqueles, transformados e curados pela sua presença, o poderiam ter sido, se esse Amor não emanasse de dentro para fora? Então, como podemos acreditar que ele vivia apenas para o Outro e não para Todos, incluindo-se a si próprio?
Podemos endeusá-lo, revestindo-o de uma película divina que não compreendemos, olhando-o de baixo para cima…ou podemos sentir que a sua mensagem é real e palpável. Que nós aqui, como humanos, podemos aceder à nossa verdade divina, encontrar esse Amor e Alegria por nós, e então transmiti-la ao mundo. Quando o nosso trabalho, projecto ou acção se esvazia destas qualidades, é tempo de reconhecer que entrámos em estagnação e que há algo importante a compreender para novamente encontrarmos o nosso centro, o nosso sentido, a nossa Alegria.

Não há separação!

Com Amor,

Sofia

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