domingo, 6 de março de 2011

O Que É Ter um Dom



Há algo no Ser Humano que herdamos na nossa genética: o desejo de ter um rumo.
Aquilo a que chamamos: o sentido da vida.
Aprendemos cedo que as decisões que tomamos são muito importantes em termos de carreira e, por isso, futuro, mas não só: são importantes as decisões relativas aos nossos companheiros, às nossas filosofias, aos nossos talentos, ao nosso trabalho, à nossa imagem, às nossas roupas, livros que lemos, hobbies, estilo de vida, amigos, ambientes, etc...somos incentivados e, por vezes, coagidos por métodos mais ou menos intensos, a nos definirmos nas várias partes de nós e, uma vez isso conseguido, mantermo-nos nessas definições o resto da vida. 
Há um tempo atrás, perguntaram-me: o que é isso de ter um Dom? E isso fez-me pensar, uma vez que as minhas noções de Dom foram mudando ao longo do tempo. A pessoa em questão pôs-me esta pergunta referindo-se à capacidade "extra-sensorial" que tenho. Disse-me que algumas pessoas lhe tinham dito que ela tinha também um Dom, mas que não conseguia perceber qual nem como, uma vez que não se sentia "portadora" de uma capacidade que, por exemplo, eu tinha. Disse-me também que sentia um grande impulso de ajudar os outros, mas não sabia como, pois sentia-se ainda perdida neste caminho espiritual. E o que é engraçado nesta mensagem que esta pessoa me enviou, (tu sabes quem és ;)), é que já me foi enviada por outras pessoas noutras ocasiões. Com algumas diferenças circunstânciais, mas muito semelhante e, como sabiam deste meu "Dom", tornava-se mais fácil perguntarem: tenho um Dom ou não tenho?
Este conceito de Dom refere-se a uma ideia que ainda carregamos connosco: alguns de nós nascem com ele e outros não. Afinal, vemos pessoas com sucesso e outras sem sucesso. Temos artistas inovadores, génios, empresários brilhantes, curadores espantosos, psíquicos de fazer o queixo cair e, depois, temos o resto da populaça! Esta populaça dá o seu melhor ou o seu pior nas suas vidas, mas, na verdade, nunca há-se ser mais que isso. Respira, trabalha, tem uma família, constrói uma casa, tem netos e, se tiver sorte, tem uma morte abençoada...ou não, dependendo das escolhas de vida, sorte, karma, etc...mas, por mais que viva, nunca há-de ser do círculo dos portadores do Dom.
Com estas palavras, não tenho intenção alguma de tecer julgamentos acerca da visão que cada um tem de si, mas posso, desde já, dizer que, inconscientemente, estão a tecer auto-julgamentos, pois esta ideia da existência de Dons, traz consigo a noção de que alguns nascem com uma estrela na testa e outros não, e isso impregna nos corações uma noção de que há pessoas selectas e isso, quanto a mim, é ilusório e erróneo. Falemos de Dons:
Que dizer do psíquico que utiliza o seu Dom (óbvio) para proveito próprio sem escrúpulos? Que dizer do guarda nocturno que ocupa as suas horas livres a escrever um livro, do qual ninguém sabe? Que dizer de dois irmãos americanos que decidem começar a fazer vídeos no Youtube para comunicarem um com outro (pois vivem em estados diferentes) e, 4 anos mais tarde, têm uma legião de pessoas que partilham das suas visões de vida com um lema chamado DFTBA, uma sigla que lê Don't Forget To Be Awesome (Não te esqueças de ser o máximo), cujo objectivo é Decrease World Suck (trad.: diminuir o que está mal no mundo) e têm, juntamente com a "populaça", feito uma diferença enorme em vários movimentos, iniciativas e projectos à volta do globo? Que Dom é esse que esses dois irmãos têm, que pertencem à populaça, e juntam ainda mais populaça e estão a fazer um trabalho notável? Claro que o termo "populaça" foi utilizado para fins humorísticos, mas digo-vos já que com populaça desta, contem comigo!
Não se trata de nos definirmos por Dons ou Ideais ou Filosofias, trata-se de aceitarmos que somos Seres Indefinidos e Ilimitados! Eu sei que é difícil sairmos daquela formatação do: se tens talento, podes fazer isto, se não tens, terás que fazer aquilo, porque foi uma das pedras basilares da nossa educação e crescimento, mas questiona-te a ti próprio sobre a necessidade de quereres saber se tens um Dom ou não. Mais, questiona-te sobre porque é que isso é importante para ti ou se vai definir se o teu propósito de vida é ajudar os outros ou não. Mais, questiona o que é isso de propósito de vida. Se acreditares que somos únicos e que as respostas estão dentro de nós, a única pessoa viva que vai saber se tens um Dom ou não, és tu, e se não sabes, ninguém vai saber. E, então, pergunta-te: não sei se tenho algum talento, e depois? Pensa nisto: mesmo quando alguém acha que tem um Dom, o que é que isso determina o resultado positivo da utlização desse Dom? Assim, no fim de tudo, o que é que realmente importa? A existência de um Dom que vai morrer quando aquela pessoa falecer, ou o resultado das suas acções e iniciativas enquanto viveu? Se tens um impulso genuino de ajudar os outros, esse é o teu Dom. O teu e o meu Dom é a paixão que sentimos cá dentro relativamente aos nossos impulsos. Isso é o que vai determinar, depois, a força do nosso compromisso quando as circunstâncias se tornarem mais difíceis e a vida se revelar em toda a sua imprevisibilidade. O talento existe, mas só é revelado depois da acção. Se te encontras "parado" na tua vida a pensar se terás este Dom (ou algum Dom), comparas-te com outros que têm Dons "óbvios", nunca irás passar à acção. Não saberás se terás talento ou não e , mais que isso: não irás perceber que, uma vez passando à acção, a questão de teres talento ou não torna-se irrelevante.
Parte do príncipio elevado da verdade:  a vida é uma dádiva e tu és sempre portador de um Dom em estado dormente. Mesmo que não seja óbvio para ti, ele é óbvio para o teu coração e vai manifestar-se em preferências e impulsos. Tenta, ao invés de te limitares a uma definição e perguntares-te se tens um Dom e qual será, abre-te à infinitude da tua essência e pergunta-te: o que é que eu tenho impulso de fazer? E, este impulso pode conter partilhar ou trabalhar com outros ou pode ser tão simples como aprender a desenhar ou dar longos passeios à beira-mar. A nossa mente, muito limitada, vai dizer: pff, passeios à beira-mar, o que é que isso tem que ver com projectos concretos? Bom, talvez daqui a uns meses te venha a ideia divina de começares a escrever artigos acerca do mar, dos benefícios de passear ou talvez, começar um site e recomendares praias diferentes baseado na tua própria experiência, ou ainda, partilhar como a tua saúde melhorou e ajudar outros a tomarem decisões saudáveis, etc...os teus projectos serão apenas limitados pela tua criatividade e, como esta criatividade é infinita, pois vem da tua essência, as tuas possibilidades são também infinitas e, muitas vezes, começam com os gestos mais simples! "Tenho saudades do meu irmão e estou farto de falar com ele ao telefone...já sei, vamos começar a gravar videos um ao outro para nos reconectarmos" e, pronto, 4 anos depois, um que é escritor e outro que vive de projectos na Internet, são os criadores de um movimento de Paz e Auxílio que se amplificou e ramificou em todo o mundo. São mais abundantes do que alguma vez pensaram e tornam o mundo mais abundante onde é mais preciso. Quem diria? Ninguém! Há 4 anos atrás, ninguém, mas hoje faz toda a diferença que tenham seguido o seu impulso interior. Quem sabe o que poderás estar a fazer daqui a 4 anos? Agora, ninguém! Mas, se agora, agires, amanhã todos saberemos da tua história!
Tu já és aquilo de que estás à procura. Tu és o Dom. Faz parte do Ego dizer-te que ainda não estás preparado, que as tuas paixões são pequeninas ou até ridículas, que, no grande quadro de Tudo o que é importante, tu és um grãozinho de areia. Que, em vez de gostares de polir pratas, devias estar a pensar numa forma de salvar o mundo ou os outros ou talvez até ambos! Mas, o maior contributo para a Luz crescer no mundo, começa contigo a crescer a tua Luz e isso só é possível agindo de acordo com as tuas paixões, gostos e impulsos...mesmo aqueles que não fazem grande sentido e são, aparentemente, pequenos. E, também faz parte do Ego dizer-te que tens ideias demasiado grandiosas ou que aquelas canalizações que meteste na gaveta não têm importância/qualidade/relevância...faças o que fizeres, lembra-te que começa tudo com o reconhecer a Beleza na vida. Como diz o Mestre Kuthumi e o Arcanjo Jophiel na canalização "O Rio", é crucial combinar a concentração com a contemplação da beleza, pois, sem esta última, a acção torna-se vazia de propósito. E, a forma mais directa de contemplar a beleza é senti-la agindo de acordo com os nossos impulsos mais interiores e queridos...o mais provável é sentirmos imediatamente o medo, mas o mais importante é lembrar que reconhecer o medo e avançarmos na mesma é sermos Mestres da nossa própria vida.
Winston Churchill proferiu muitas palavras sábias que são bem conhecidas, mas esta citação parece-me apropriada a este artigo: "Continuous effort - not strength or intelligence - is the key to unlocking our potential", que se traduz em: "Esforço contínuo - não a força ou a inteligência - é a chave para abrir o nosso potencial"; eu acrescentaria para além da força e da inteligência: talentos e dons.
Com Amor,
Sofia

P.S: Obrigada à A.G. pela inspiração do artigo. Tu és o Dom que o mundo precisa ;)

Sem comentários:

Enviar um comentário