sexta-feira, 22 de julho de 2011

A Vida Pode Ser Surpreendente!

Bem, é oficial: a vida surpreende-nos quando damos o passo em frente lançando para trás das costas aquelas amarras que nos prendiam no mesmo degrau dia após dia!

Nunca me considerei uma pessoa especialmente aventureira (muitas vezes, achava até que era demasiado cagarolas para conseguir ser uma Indiana Jones), mas à minha dimensão pessoal comprovo, para além de qualquer dúvida, o que pode acontecer quando enfrentamos e ultrapassamos os nossos medos um de cada vez. Há decisões que tomei, mais visíveis para o exterior, que podiam ser consideradas as mais relevantes para estes resultados: o salto no vazio, o grito “Jerónimo” enquanto me lançava no desconhecido e depois ao aterrar num terreno cheio de urtigas, amaldiçoar o dia em que me armei em Rambo enquanto esgatanhava a minha urticária! Mas não. Apesar de serem as mais óbvias, não foram, de todo, as mais importantes ou as impulsionadoras da mudança; foram, isso sim, consequências naturais de mudanças interiores, ocorridas antes, aliadas a várias pequenas (grandes!) acções.

Muita tinta é gasta em papel (ou electricidade no PC) a dissertar acerca da importância de olharmos para nós, da necessidade de derrubarmos as nossas ansiedades e receios, de abraçarmos a constante evolução interior… Concordo, mas gostaria de acrescentar que “trabalho interior” ou evolução pessoal não se fazem se continuarmos a não transformar essa energia em manifestação. Compreendo a premissa de que ao evoluirmos internamente, essa evolução irá manifestar-se externamente. Mas, pela minha experiência, este processo não é tão simplista ou directo como poderá parecer à partida. É que há vários tipos diferentes de Medo e, muitas vezes, estes são autênticos mestres na arte do engodo… incluindo fazer-nos acreditar que nem sequer estão lá. Há que admirar o seu engenho! E o maior Medo de todos que encontrei em mim e que observo continuadamente no outro é o medo da Acção. Não estou a falar de reacção que é uma manifestação completamente diferente. Reacção é aquela energia que se manifesta perante circunstâncias/pessoas/acontecimentos que nos obrigam a reagir. São muitas vezes essas reacções espontâneas (ou aqueles padrões de comportamento a que não conseguimos resistir a repetir) que incidem luz sobre o espelho que temos à nossa frente para podermos ver-nos mais claramente. Depois, a decisão de nos olharmos nesse espelho ou fechar os olhos até que a luz desapareça e fiquemos novamente naquela escuridão familiar, é inteiramente nossa! Acção é quando olhamos para a nossa vida e, sem qualquer circunstância ou acontecimento externo a empurrar-nos para tomarmos decisões, em consciência seguimos o nosso impulso interior, mesmo que isso signifique virarmos essa vida do avesso. Mesmo que signifique fazermos algo que anos antes até tremíamos só de imaginar.
Sem dúvida que esta Acção se torna possível de acordo com a nossa evolução interior e através de “trabalho interno” alimentamos essa evolução, mas quando esse estudo alcança o fim de uma etapa, temos duas hipóteses: ignorar o papel de exame que nos puseram à frente e pegar em mais material de estudo ou…respiramos fundo e fazemos o exame. Sabemos que não temos garantias de nada, tudo pode correr muito mal, a magia não vem no dia seguinte a termos feito o exame, a caixa de Pandora abriu-se e não podemos voltar atrás, o futuro é incerto. No fundo, todos nós sentimos que, na maioria das vezes, o processo se passa desta forma e talvez por isso mesmo também nos seja tão difícil ultrapassar o Medo e Agir. E se fosse só um exame… mas não, é mesmo um rol deles e um abre caminho ao próximo. Neste último ano, houve vários desses exames de Acção e alguns deles tiveram um impacto na minha vida que nunca podia imaginar que tivessem. Não, não me trouxeram fortuna, mansão, um cão labrador ou um homem saído de um romance da Jane Eyre, mas trouxeram-me Força, Fogo, Vontade de ir mais além… trouxeram-me Evolução! Foram elas que me permitiram dar o tal salto no escuro, armar-me em Rambo e finalmente vencer a urticária!

Uma dessas pequenas Acções foi este blog. Expôr-me pessoalmente, revelar-me ao mundo, dizer: Ei, sabes aquelas histórias de fantasmas e cenas invisíveis a pairar no ar e as piadas sobre os Anjos que preenchem serões inteiros de gargalhadas e gozo? Pois, fazem parte do meu mundo, eu sinto, vejo e interajo e não há folgas, não há férias e não há como escapar a esta realidade. E, por muito que eu já tivesse aceite que fazem parte do meu mundo, outra coisa completamente diferente é a partilha e a exposição da mesma! E, cada um com as suas circunstâncias pessoais, naturalmente, mas é isso que observo na maioria de nós: vivemos realidades muito próprias, as nossas paixões, os nossos gostos, até a nossa Arte ou Música… mas vivemos prisioneiros desse mundo pessoal. E o nosso maior Medo é o Medo de Agir e rebentar essa bolha defensiva. E o mais extraordinário é que a mais pequena Acção, por muito minúscula que seja, pode ter um impacto em nós tremendo, porque uma das grandes prendas que podemos dar a nós e ao mundo é a Partilha do nosso Ser…e esta só se faz através da nossa Acção! Uma após a outra e, de repente, estamos a tomar Acções e Decisões que nunca imaginámos que iríamos tomar e a vida dá-nos na mesma proporção!

Por isso, é oficial: a vida surpreende-nos quando nós surpreendemos a nossa fragilidade, arrancamos o manto do eremita e nos viramos de frente para o Sol. Se fomos importantes o suficiente para nascer aqui, fazermos parte da vida de outros, sentirmos e criarmos, não desperdicemos uma vida que pode ser louca, incerta, emocionante, comovente, lenta, rápida, excitante, silenciosa, gritante, extraordinária, enervante, maravilhosa… uma vida brilhante!

Ass: uma Indiana Jones improvável