quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Quando o Medo se Mascara de Amor

Começamos com um facto que todos nós já sabemos, seja porque ouvimos e lemos histórias de pessoas na televisão ou nos jornais, seja pela História do mundo: as maiores atrocidades podem ser cometidas em nome do Amor…várias foram cometidas em nome de Jesus, em nome de um valor cristão. Muitos sofreram e ainda sofrem em nome de Deus, em nome de uma Fé cega que destrói e mutila baseando-se numa razão distorcida de que assim se eliminará o “mal” ou o “que não está bem” no mundo. Provoca-se o sofrimento, maltrata-se, passa-se por cima do respeito e da dedicação ao Amor, por um qualquer ideal que, aparentemente, é mais importante e elevado que a dádiva divina da Vida e ao direito de cada um de nós receber compreensão, tolerância e compaixão.
Transportemos essas histórias e a própria História para dentro das nossas paredes…ou talvez, das paredes de amigos nossos, familiares, pais, avós, vizinhos, etc…conseguiremos reconhecer nos sentimentos e nas atitudes inter-relacionais o princípio deste facto? Conseguiremos reconhecer o desrespeito e os maus-tratos, mesmo quando estes não têm uma dimensão global? Conseguiremos sentir a tristeza e desolação que nos provoca assistir a notícias de morte de animais e natureza pela negligência e egoísmo e, ao mesmo tempo, compadecermo-nos do nosso vizinho, do nosso amigo, do nosso pai, do nosso amante? Será mais fácil erguer o punho contra a injustiça, a violência e a indiferença quando estes reflectem uma realidade longe de nós?

Muitas vezes me perguntei, ao assistir a certas situações, o que leva alguém a ter as mesmas atitudes ou acções de quem mais critica ou de quem mais o magoou, mas justifica-se a si próprio convencendo-se de que o faz por Amor, por Deus, pela Luz? Que princípio tão elevado é esse que leva, por exemplo, um terapeuta a dizer “as verdades” num tom seco, cortante e critico a quem está no seu momento mais vulnerável? Onde, no coração desse terapeuta, ele sente que tem o direito de passar as mensagens “de Deus” da forma mais baixa possível?

E, que razão tão elevada é essa, que sentimos que temos, que nos leva a convencermo-nos que não faz “mal” maltratar quem mais amamos? Eu já passei por isso. Já passei por recipiente desses desrespeitos e já passei por realizador desses mesmos desrespeitos. E, ao ver a devastação que provocava à minha volta, reconheci que aquele não podia ser o caminho que eu queria para mim. Podia ter a maior razão do mundo, mas perdia-a toda naquele momento de raiva. Neste caminho do Amor, as nossas escolhas são cruciais. E, por vezes, essas escolhas implicam longas horas de nos olhar bem a fundo e fazer a pergunta: eu quero ser o que semeia Amor ou eu quero ser o que semeia o Medo? E, nesses momentos, podemos ter a noção de que não conseguimos sentir nada mais senão frustração, raiva ou ressentimentos, mas a escolha é nossa se continuamos a semear essas sementes em nós e no outro ou se reconhecemos que é altura de ir pelo outro caminho.

Um acto de crueldade não se torna certo porque as intenções foram boas. Os fins não justificam os meios, por mais que nos queiramos convencer dos “bons” resultados. Se, para ajudar 50 indivíduos a ficarem “bem”, outros 30 têm que ser sacrificados, e no final, convencemo-nos de que a acção foi bem-sucedida, lembremo-nos que uma vida é divina, cada um de nós é único e tem o direito IGUAL à vida. Como disse o Arcanjo Micael através da Doreen Virtue:  nesta rede de Luz, cada humano consciente representa um ponto de Luz e, se, nem que seja um único ponto de Luz se extinguir, toda a rede é afectada, a Luz fica mais fraca.
E não vemos isso mesmo na esquina da nossa rua? Para que uns possam desfrutar de uma vida de luxos, outros tantos têm que viver na miséria e a ironia é a de que a Abundância está cá para todos e, se partilhada, ninguém tinha que passar fome. Conseguimos sentir a indignação ao ver as fotografias de países em guerra, com crianças a sofrerem e pessoas a serem perseguidas e vitimizadas…mas conseguimos ver essa mesma devastação nos nossos corações quando sentimos e expressamos raiva por alguém que dizemos amar? Conseguimos sentir como para nós nos sentirmos aliviados daquele stress interior, descarregá-lo no outro se torna um hábito? E como confundimos a nossa própria liberdade de expressão pela liberdade do outro em ser respeitado, compreendido e verdadeiramente amado?

Como disse a uma pessoa há um tempo atrás: amar qualquer um pode, mas saber amar só quem tem consciência de si e do outro. E, para ter consciência do outro é preciso maturidade. A maturidade que vem de ouvir mais e falar menos. No Amor, não existe violência, não existem más vibrações, não existe crueldade, não existe impaciência e não existem maus-tratos… e, podemos ter a mensagem mais importante do mundo, mas a forma como a passamos é igualmente importante, porque a nossa intenção é importante!

Direi vezes sem conta se preciso for que, ao canalizar um Ser de Luz e ao contactar com as mensagens do Amor Incondicional, não existe qualquer vestígio de energia acutilante, zangada, impaciente, raivosa ou crítica. Assim, da próxima vez que ouvires alguém dizer que utilizou essas energias nos seus comportamentos/palavras/actos em nome do Amor, em nome da Razão, lembra-te que nunca essas energias, que se resumem na palavra Medo, poderão semear algo mais do que isso mesmo e é direito de todos nós sermos tratados com Amor.

É um texto mais intenso que os anteriores, mas senti impulso de o escrever, pois é minha profunda convicção, que somente o poder da Compaixão, Compreensão, Respeito, Paciência, Paz, Beleza e Suavidade, que se resumem na palavra Amor, podem orientar os nossos corações à Liberdade! E, faz parte das nossas escolhas, escolher um caminho ou o outro, tanto no Dar como no Receber.

Com Amor,

Sofia

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